O papel da juventude espírita no progresso do planeta

Por: Vanuza Kelly Araújo e-mail- vanuza.educadora@gmail.com

 

Ao iniciar este texto fiquei um tempo pensando em como poderia escrever de forma “juvenil” e embasada nos princípios científicos da doutrina.

Comecei a pensar em todas as vezes que procurava textos para jovens espíritas, daí recordei-me que sempre houve uma ausência de tais de textos, textos escritos por jovens espíritas, uma carência de crônicas, artigos, enfim, relatos nos quais a própria juventude se encontrasse compartilhando suas próprias experiências.

Eis então que decidi que é sempre tempo de começar e que talvez eu devesse fazê-lo, já que estou aqui, gosto de escrever e tenho algumas coisas as quais seriam interessante compartilhar com outros jovens, coisas que aos 24 anos de idade, pude vivenciar, aprender, compreender e trazer, não para a minha doutrina, ou religião, mas fôra algo que passei a viver, adotei como filosofia de vida. Comecei a ir ao centro espírita aos 17 anos de idade, são 7 anos sendo e vivendo na Doutrina Espírita, como religião, escola, hospital, enfim, muito mais que uma “igreja”, sobretudo uma casa de estudos, de projetos que sempre visaram à formação do homem de bem... (Para menores questionamentos a respeito do Homem de Bem e do que seria: “Um homem de bem” segue o link: O homem de bem)

No decorrer de todo esse tempo, procurei sempre fazer do espiritismo um estilo de meu viver, o que, apesar de ser um bem danado para minha vida e abrir minha mente para coisas antes tão difíceis de serem compreendidas, confesso, não foi sempre fácil e prazeroso, já que algumas vezes, foi inevitável não fazer coisas que são do hábito de jovens (adolescentes), contudo, sempre, graças ao espiritismo, algo pesava em minha consciência, a cada noite de festa, a cada namorado mal amado, a cada copo de cerveja, enfim, algo chamava a minha atenção para as minhas responsabilidades com a minha vida, com esta vida, com o meu corpo, com as minhas ângustias, minhas dores físicas ou na alma. Bem, ser um jovem espírita, é algo desafiador, amável e admirável, um tanto quanto corajoso, já que temos que enfrentar conseitos e pré-conceitos, nos taxam de bruxos e santos ao mesmo tempo. Bruxos porque como muitas pessoas não conhecem o espiritismo, quando dizemos de cara que somos espíritas, daí somos vistos como aqueles que “mexem” com os espíritos... E Santos porque o espiritismo nos mostra de forma raciocinada, o porquê de não beber, de não fazer sexo sem amor, não se drogar, nos dão razoes para fazermos e gostarmos de trabalhos voluntários, de ajudar o próximo, nos dando motivos para sermos melhores a cada dia tendo sempre pensamentos e falas positivas, mostrando também o porquê de respeitar e honrar pais e mães, enfim, através desta cosciência raciocinada, a juventude espírita costuma ansiar por coisas diferentes da maioria dos jovens, adquirindo um senso crítico capaz de definir o bem do mal, o bom do ruim, antes da maioria... Estar jovem é algo difícil, mas ser jovem é algo muito prazeroso, contudo, até nos encontrarmos naquilo que somos ou não, eu diria que é um pouco doloroso, é a história do casulo da borboleta, ou seria da lagarta? Pensando sempre que se quero ser uma bela borboleta, terei que aceitar com resignação e paciência, e com bastante trabalho o meu tempo de lagarta! Para entrar mais profundamente no tema, assisti alguns filmes, pensei muito em minha vida até aqui, li trechos de alguns livros e um deles que por sinal chamava-se Adolescer, verbo transitório, onde Segundo Joanna de Ângelis: O processo de desenvolvimento humano é lento e enriquecedor. Cada período assinala-se por conquistas específicas que compõem o quadro de valores culturais, morais e espirituais, que se insculpirão no ser, de forma a caracterizar-lhe a evolução. A própria Joanna dedica um livro todo a este tema, o qual vale muito a pena ler, chamado “Adolescência e Vida”. Diante de todos estes aspectos, abrimos a nossa mente para a reflexão a cerca do papel do jovem espírita no progresso do planeta, encarar esta tarefa não é uma prova dolorosa, ou difícil, basta seguirmos com a postura que aprendemos e praticamos na casa Espírita e é algo urgente, já que estamos em vias de tranformação, de transição, deixando de ser esse mundo de provas e expiações para enfim passarmos a regeneração... Jovens que somos, estaremos vendo de perto essa transição e, espero, contribuindo com ela. Em Mensagem psicofônica o espírito Bezerra de Menezes, através do médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento do 3º Congresso Espírita Brasileiro em Brasília/DF no dia 18/04/2010, fala a cerca deste tempo de transição: Estamos agora em um novo período, estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas e expiações para mundo de regeneração. A grande noite que se abatia sobre a terra lentamente cede lugar ao amanhecer de bênçãos, retroceder não mais é possível. Firmastes, filhas e filhos da alma, um compromisso com Jesus antes de mergulhares na indumentária carnal de servi-lo com abnegação e devotamento, prometestes que lhe serias fiel, mesmo que vos fosse exigido o sacrifício. Alargando-se os horizontes deste amanhecer que viaja para a plenitude do dia, exultemos juntos, os espíritos desencarnados e vós outros que transitais pelo mundo de sombras, mas além do júbilo que a todos nos domina, tenhamos em mente as graves responsabilidades que nos exortam a existência do corpo ou fora dele. (...) Iniciada a grande transição, chegaremos ao clímax e na razão direta em que o planeta experimenta as suas mudanças físicas, geológicas, as mudanças morais serão inadiáveis. (...) Jesus, filhas e filhos queridos, espera por nós, que seja o nosso escudo o Amor, as nossas ferramentas o Amor, e a nossa vida um Hino de Amor, são os votos que formulamos os Espíritos Espíritas aqui presentes e que me sugeriram representá-los diante de vós. Com muito carinho o servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra Este processo, já têm se mostrado nos dias atuais. Um desses detalhes é exatamente o tema central desta edição da revista, onde trata dos desencarnes coletivos e, diferente do que a maioria das pessoas pensam e acreditam, esse processo de transição não ocorrerá por meio de um cataclisma, que aniquile de súbito uma geração. Na verdade, o processo será gradual, com o melhoramento dos espíritos, e o afastamento daqueles que não se dispuserem a acompanhar o processo evolutivo.

Em "A Gênese", Kardec nos dá o exemplo de um regimento composto por homens turbulentos e indisciplinados. Esses homens são mais numerosos do que aqueles que se pautam pela ordem. Se esses mesmos homens forem retirados, paulatinamente, e substituídos por igual número de bons soldados, a pouco e pouco o regimento se transformará, pela influência dos bons, podendo inclusive acontecer que aqueles que foram expulsos possam retornar transformados. Assim ocorrerá também com o nosso planeta. (VENTURA, Fátima, 2000). Desta forma o papel da juventude espírita fica ainda mais claro, o papel de começar a agir conforme um ser humano precupado com o próximo, aprendendo sempre que o seu próximo é tudo que o cerca, a família, os amigos, os colegas, a natureza, os rios, as árvores, os animais, enfim, todos os seres vivos aos quais Deus deu a vida são o nosso próximo. Percebemos claramente esta mensagem no filme AVATAR, um filme lindo, que nos passa uma mensagem de amor, de fraternidade, de companheirismo, de conexão com o todo e, sobretudo de respeito. O filme transmite uma mensagem de esperança para aqueles que amam e acreditam em uma vida baseada no afeto e na boa relação entre os povos, o autor de AVATAR, usa de uma sensibilidade fora do comum para nos mostrar, chamar a nossa atenção e até dar-nos um tapa na cara para nos despertar dizendo nas entrelinhas: “tive que dar asas à minha mente e ir fundo na minha imaginação para criar um novo ser, um ser capaz de estar em harmonia com a natureza porque seria um pouco ridículo pensar isso do homem!” temos que nos preparar de corpo e alma para sermos como os NA’VY , não sei se a terra poderá ser um paraíso ecológico conforme foi a milhares de anos atrás, mas não nos cabe acabar com o pouco que nos resta com a idéia egoísta de que supostamente um dia vai acabar; não vai acabar, vai mudar, vai se transformar, o que mais me encantava em Pandora era a teia (literalmente) formada por todos que alí viviam, ou quando eles precisaram Orar, para conversar com o alto. Em Pandora a relação, conexão que havia entre plantas, animais e eles mesmos, mostrava nada mais que a evoluçao daquele planeta. Ao sentir-se próximo ou conectado com alguém, eles começavam a cumprimentar-se dizendo: “eu vejo você”. Demonstrando que podia sentir, amar, ver além do envoltório “carnal”, ou seja, começava-se a ver o íntimo, a sentir as vibrações do espírito. Eu, na minha pequenez de ser humana, desejaria estar em Pandora, como um AVATAR ou uma nativa, mas estando aqui no nosso planeta azul, com o nosso único satélite natural, a nossa lua, olho em volta e fico desjando tão fortemente que nos respeitemos uns aos outros, que nos vejamos de verdade, sentindo e fazendo sempre ao outro aquilo que desejamos que o outro nos fizesse. Desta forma paro para pensar e refletir como fiz no decorrer deste texto e espero que você meu irmão, que está jovem ou você que já se achou como sendo um eterno jovem, reflita e pense sobre o seu papel no progresso do nosso planeta, não se tratando de desenvolvimento, mas antes de tudo de ENVOLVIMENTO!!! Jesus certamente vê o nosso planeta com a certeza de que ele será um mundo melhor. Ele nos disse: "Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra." Também nos disse : "Vós sois deuses. Vois sois o sal da Terra, vós sois a luz do mundo. Sede misericordiosos, como misericordioso é o Nosso Pai que está nos céus." Com isso, Jesus quis nos garantir que o nosso destino é a perfeição, embora relativa, e que o destino do planeta é se transformar num mundo de paz, de amor e de justiça. No entanto, sabemos que temos perdido tempo com relação ao nosso progresso moral. Numa passagem de Eurípedes Barsanulfo com Jesus, ele viu o Senhor a chorar. E ao perguntar o motivo daquelas lágrimas, o Senhor lhe respondeu que chorava por todos aqueles que, conhecendo Seus ensinamentos, ainda persistiam no erro. (VENTURA, Fatima, 2000). Estejam sempre na paz do Nosso Mestre Jesus e que não nos esqueçamos que o mundo que sonhamos é real, é possível, está aí, é nosso!

 

Referências:

KARDEC, Allan. O Homem de Bem. In “O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo XVII, item 3. VENTURA, Fátima. Terra – Um Planeta em Transição. http://www.portaldoespirito.com.br/portal/palestras/celd/terra-um-planeta-em-transicao.html. Rio de Janeiro: 2000.