Por Vanuza Kelly Araújo - www.vanuzakelly.jimdo.com

Para iniciarmos é bom sempre lembramos que, sejamos filhos ou pais, cada um de nós tem um papel importante dentro do nosso lar, dentro da nossa casa e que a base para haver disciplina e convívio harmonioso na família a qual nos é cabida nesta encarnação é necessário que se tenha, por parte dos pais, maturidade para sê-lo e, desde os primeiros anos da criança transmitir a esta a educação cabida.

A meu ver, abordar o tema família e não falar de Educação é o mesmo que falar de Centro Espírita e não falar de Evangelização.

Bem, ao contrário do que muitos pensam, educação não significa imposição, depósito ou transmissão de algo; educar é, antes de tudo despertar, estimular e reforçar o que o ser traz de bom e útil para o seu desenvolvimento social e humano.

A origem da pala­vra educação é do latim educĕre (Pronuncia-se [edúcere]), de e(x), "para fora" e ducĕre (Pronuncia-se [dúcere]), "conduzir", da mesma ori­gem de educador. Neste caso, podemos dizer que os pais são os primeiros educadores do filho encarnado. A principal finalidade de educar é desenvolver as capa­cidades das pessoas em situação de aprendizagem como elemento de auto-realização e, não, "transmitir" conhecimentos.

No meio espírita desde muito buscamos sempre estudar uma pedagogia voltada para o que se propõe na evangelização, ou seja, algo que una o que a criança vê na evangelização Infantil, com o Jardim de Infância e na família, no lar (que é a base desse triângulo). Quando buscamos estudar a formação acadêmica de Kardec, vamos encontrar um nome extremante visível na Pedagogia Humana, na formação do Ser, na Educação, encontraremos o seu mestre: Pestalozzi. São muitos os nomes que estudam a educação no meio espírita, Anália, Meimei, Amélia Rodrigues, Eurípedes Barsanulfo, Herculano Pires, Rita Folker, entre tantos outros que nos mostram, entregam-nos uma variedade imensa de estudos a cerca da educação no lar, os laços, muitas vezes difíceis de serem firmados após o reencarne, as dificuldades e ao mesmo tempo as responsabilidades entre pais e filhos. Ainda assim, mesmo com todo este aparato, mesmo seguindo a regrinha de deixar os filhos na Evangelização uma vez por semana, a gente percebe que alguns Espíritas de berço e super doutrinados não estão se saindo muito bem nas coisas da vida. O número deles que se encontram às voltas com a depressão, a angústia existencial, o estresse, o pânico e outras doenças que têm como pano de fundo, a pobreza ética e a falta de fé nas leis que regem a vida, não difere muito dos outros sistemas de crenças. Boa parte não está se saindo tão bem quanto seria de se esperar para uma pessoa Evangelizada segundo princípios doutrinários tão claros e simples. (CANHOTO, 2004). A pergunta é: de quem é o erro? Pais, evangelizadores? Vamos ver o que CANHOTO (2004) diz a respeito:

Muitos ainda são os fatores que atrapalham a criança educada no meio espírita a aplicar a Doutrina de forma simples e metódica. Um deles: como todas as outras, a criança que cresce num lar espírita absorve parte da visão de mundo dos adultos e incorpora ao seu padrão subconsciente algumas formas arcaicas de interpretação da Doutrina, do tipo: os frutos da prática das diretrizes do Evangelho são para serem saboreados depois da morte; algo como ser socorrido e ir viver numa colônia espiritual com seus afins; que a vida terrena é cheia de sofrimentos, dores e aflições para provar o espírito e para expiações. Esse tipo de engano deve ser corrigido, pois a criança passa a pensar que deve sofrer para aprender, quando não é preciso e, de forma subconsciente, até passa a inventar sofrimentos inúteis. Aprender através do sofrimento indica falta de capacidade de discernir, pois pode-se aprender através da prática da Reforma íntima e do desenvolvimento da capacidade de fazer a caridade, perdoar e amar com prazer e alegria sem maiores dores.

 Afinal, o espiritismo é conhecido popularmente e ressaltado em diversos textos desta que vos escreve como a Doutrina de Amor e não a Doutrina de Dor.

Devemos colocar em nosso padrão de conhecimento que quanto mais eu amar e ser feliz que estarei contribuindo para minha evolução, o que não tem nada a ver com suportar aqueles que estão do meu lado nesta encarnação para reencontrar os que eu julgo serem meus espíritos afins. Isso é sim uma grande ilusão.

Bem, este é o primeiro passo para tentarmos fazer que os nossos filhos não venham a ser parafusos de geléia futuramente, cheios de traumas ou dados como coitadinhos do mundo. O primeiro passo, pais e mães, é vocês se educarem para serem pais, e quando o forem, abrirem não só a cabeça, ou o ventre, ou a casa, mas, sobretudo a alma, o coração para receber aquele espírito milenar.

Sendo espíritas, o comprometimento ao se formar uma família é ainda maior, já que sabemos que são laços formados a muito tempo e especialmente que os filhos que nos serão confiados são espíritos eternos e que necessitaram de amor, afeto e de serem educados. Caberá aos pais desenvolver e despertar aquele espírito para o bem, para as coisas boas desta vida, ajudando-o a desabrochar o que há de melhor nele mesmo. Bom lembrar que a família se formará pelos filhos e também pelos parceiros, nos quais nos aliaremos para construir um ninho de amor e educação, na preparação para receber um novo membro que será o espírito que virá a reencarnar naquele lar ou, podendo vir por meio de uma adoção.

A adoção pode fazer parte de um programa de vida dos envolvidos antes do retorno; ou apenas uma oportunidade de momento que algumas pessoas agarram sem titubear. Filhos adotivos podem ser espíritos afins tão ou até mais amados do que os filhos consanguíneos (CANHOTO, 2004). O importante é que saibamos e compreendamos a nossa responsabilidade diante daquele novo ser que nos comprometemos a receber em algum momento no plano espiritual.

O Momento Espírita encaminhou outro dia um texto muito interessante a respeito do tema família, deixo-o aqui como reflexão:

“Você já parou algum dia para pensar como funciona uma colméia? Já se deu conta de que nela tudo é ordem, disciplina, preocupação pelo todo?

A colméia é formada por células de cera, que se contam aos milhares. Em algumas dessas células existem ovos ou larvas de abelha. Outras servem como depósitos de pólen e de mel. Essas são os favos de mel.

Numa colméia podem existir até 70 mil abelhas, que exercem diferentes funções.

As operárias são as que alimentam as larvas, cuidam da colméia, trazem comida para todos os habitantes da comunidade.

As operárias começam como faxineiras, limpando as células onde estão os ovos.

Depois produzem a geléia real que serve para alimentar as abelhas mais jovens e a rainha. Também trabalham como babás alimentando as abelhinhas mais crescidas com pólen e mel.

Com dez dias de vida elas se tornam construtoras. Começam a produzir cera, que lhes permite construir e remendar as células da colmeia.

A rainha tem como tarefa botar ovos, dos quais sairão as operárias, os zangões e as novas rainhas. No verão chega a botar em um só dia mil e quinhentos ovos.

O zangão, desde que nasce, tem por tarefa a procriação com a rainha. Depois morre.

Tudo na colmeia reflete ordem, equilíbrio.

As operárias são também as que saem da colmeia para buscar a matéria prima de que necessitam. Estranhamente, elas nunca se enganam no caminho de volta para casa, para onde retornam com sua preciosa carga.

Embora sua vida seja curta, de cinco semanas apenas, elas não se cansam de trabalhar pelo bem-estar de toda a equipe.

Podemos pensar na família como uma colmeia racional. Cada um tem sua tarefa a cumprir, visando o crescimento da pequena coletividade, como exige o lar.

E todos são importantes no desempenho do grupo doméstico.

É no seio da família, na intimidade do lar, que se vão descobrir operárias incansáveis, trabalhando sem cessar, não se importando consigo mesmas. Em constante processo de doação.

É na família que se aprende a transformar o fel das dificuldades, as amarguras das i ncompreensões no mel das atenções e do entendimento.

É ali que se exercita a cooperação. Afinal, como a família é uma comunidade, há necessidade de ajuda mútua.

Quando a família enfrenta as dificuldades com união, cresce e supera problemas considerados insolúveis.

Para que a família progrida no todo, cada um deve se conscientizar de sua tarefa e realizá-la com alegria.

É por este motivo que as crianças devem ser incentivadas, desde cedo, a pequenas tarefas no lar.

Retirar os pratos da mesa, lavar a louça, aquecer a mamadeira do menorzinho.

Renúncia a um pequeno lazer para satisfazer o outro. Nem que seja somente a satisfação da companhia ou de um diálogo amistoso.

Se na colmeia familiar reinar o amor, conseguiremos com certeza ter elementos para uma atuação segura, verdadeiramente cristã, junto à família maior, na imensa colmeia do mundo. (Redação do Momento Espírita, com base na Revista Minimonstros, ed. Globo, 1964 e no cap. 15, do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 21.07.2010)”

 

REFERÊNCIAS

 

CANHOTO, Américo Marques. A Reforma Íntima Começa no Berço. 1ª Ed. São Paulo: 2004.

 

INCONTRI, Dora. Por que Pedagogia Espírita. http://www.pedagogiaespirita.org.br/tiki-read_article.php?articleId=101. Acesso em 04/08/2010.

 

MACHADO, Luiz. O Novo Professor. http://www.cidadedocerebro.com.br/newsletter_o_novo_professor.asp. Acesso em 03/08/2010.

 

ROSÂNGELA A Família: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2677&let=F&stat=0 Acesso em 04/08/2010